Os Kaingang, uma das 305 atuais etnias do Brasil, já
habitavam o Planalto Meridional Brasileiro três mil anos antes da
chegada dos europeus. Esses povos eram conhecidos como Proto-Kaingang,
povos da Tradição Taquara ou Povo das Casas Subterrâneas.
Para
se proteger do inverno rigoroso que castiga as elevadas regiões do Sul
do Brasil, chamados Campos de Cima da Serra, construíam suas casas de
forma enterrada, mantendo-as, assim, protegidas dos ventos fortes e
gelados que cortam o planalto. Por vezes, as paredes eram compactadas
com argila mais fina, resultando em uma camada de revestimento.
O
teto era apoiado sobre estacas: uma estaca principal no centro, que
descia até o chão da casa, e estacas laterais, que irradiavam do mastro
central e se apoiavam na superfície do solo, na parte externa. Este teto
ficava pouco acima do nível do terreno, garantindo ventilação,
iluminação e trânsito.
Trata-se de verdadeiras casas
circulares, escavadas na terra: em alguns casos, em rocha basáltica, em
outros, em basalto composto ou rocha mole de arenito. Suas dimensões são
variáveis; os registros mais importantes revelam estruturas com
tamanhos médios entre 2 e 13 metros de diâmetro com profundidade média
de 2,5 a 5 metros de altura, havendo casos registrados de 4 e até 6
metros de profundidade.
Segundo
a descrição de vários pesquisadores, com base nas casas melhor
conservadas, sobre a cova circular que delimitava a casa, erguia-se uma
cobertura de folhas sustentada em uma armação de madeira, em parte
fixada na base da casa, e em parte fixada nas bordas laterais da cova,
inclusive com o auxílio de pedras.
Em
algumas casas os arqueólogos mencionam ter encontrado um revestimento
de piso e, em outras, revestimento em pedra nas paredes ou parte delas.
Ainda
que, em um número significativo de sítios arqueológicos se encontrem
casas subterrâneas isoladas, é comum encontrar-se conjuntos dessas
casas, seja formando pares, seja formando verdadeiras aldeias de mais de
5 casas, sendo vários os agrupamentos entre 8 e 10 delas, e havendo,
mesmo, casos de mais de 20 casas em um mesmo lugar. O espaçamento entre
essas casas varia de 1 a 10 metros, em média.
Ainda que alguns arqueólogos
tenham sugerido que as casas subterrâneas não teriam sido, de fato,
casas de habitação, mas apenas centros cerimoniais, a posição mais comum
e sustentável indica que realmente essas estruturas eram a residências
dos grupos humanos que as construíram.
O
arqueólogo André Prous também descarta a hipótese de que as casas
maiores fossem apenas centros cerimoniais, enquanto as menores seriam de
moradia, uma vez que, com frequência, as casas maiores ocorrem isoladas
ou estão presentes justamente nos menores conjuntos de casas
subterrâneas.
É
importante, porém, observar-se a época em que as casas subterrâneas
foram construídas e habitadas, para pensarmos na relação delas com
outras formas de habitação antigas dos Kaingang. A arqueologia
brasileira tem relacionado as casas subterrâneas com o que convencionou
chamar de “tradição Taquara-Itararé”. Segundo Prous, para essa tradição
“até há pouco, as datações mais antigas eram exclusivamente do Rio
Grande do Sul, entre o primeiro e o sexto século de nossa era.
Várias outras obtidas para o mesmo estado, Argentina e Paraná eram do
século XIV, e duas do início do período histórico. Recentemente,
datações de 475 AD (fase Candoi) e 500 AD na Argentina vieram mostrar
que a cultura das casas subterrâneas desenvolveu-se em diversas regiões,
grosso modo, na mesma época, e não se pode descartar a possibilidade de
aparecerem, com as novas pesquisas, datações tão antigas quanto a,
isolada por enquanto, de 140 AD para a fase Guatambu, cujo término foi
datado de 1790 AD”.
Fonte: https://www.xapuri.info/arqueologia/casas-subterraneas-dos-kaingang-povos-da-tradicao-taquara/
E a chuva? Para onde vai a água?
ResponderExcluirPq me parece que alaga a casa toda.
O que que eu não to entendendo?
Deviam haver canaletas em volta dos buracos!
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