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Mostrando postagens com o rótulo Música

Uma árvore faz barulho ao cair se ninguém estiver lá para escutar? A resposta da ciência e da filosofia

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  Imagine uma vasta floresta repleta de árvores altas, algumas com centenas de anos. Uma delas, mais velha do que as outras, está morta há um tempo. Com a força do vento, começa a se despedaçar e, em pouco tempo, cai.   Mas eis a questão: esta árvore vai fazer barulho ao cair se ninguém estiver lá para ouvir? É uma pergunta aparentemente simples que intrigou grandes pensadores durante séculos. E, se também despertou uma curiosidade irresistível em você, sinta-se convidado a explorá-la conosco. Mas vale deixar avisado: a viagem é longa e vai levá-lo a lugares inesperados. Antes de nos embrenhar por esse labirinto, Stefan Bleeck, especialista em psicoacústica do Instituto de Pesquisa de Som e Vibração da Universidade de Southampton, no Reino Unido, sugere que esclareçamos algo fundamental. Se a árvore cai na floresta, o que ela produz é uma onda de partículas que vibram no ar. "Efetivamente", diz ele. "Se não há ninguém para escutar, não há som, mas isso não sign

Qual é a origem do Carnaval?

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"Desde os tempos mais primórdios" o Carnaval tá aí. Na Roma Antiga, tinha até bloquinho e carro alegórico.    A coisa mais parecida com o carnaval de hoje de que se tem notícia são as Saturnálias, festas épicas que aconteciam na Roma antiga em exaltação a Saturno, deus da agricultura. A diferença é que essas festas aconteciam em dezembro. A semelhança é que elas duravam quase uma semana, as escolas fechavam, os escravos tiravam folga e os romanos dançavam pelas ruas – bloquinhos, basicamente. E sim: orgias e bebedeiras descomunais faziam parte do cardápio de diversões. E tinha até carro alegórico. Eles levavam homens e mulheres nus e eram chamados de carrus navalis (“carro naval”), pois tinham formato de navio. Seria essa a origem da palavra “Carnaval”, então? Seria, ainda que não haja registro de que algum dia as saturnais em si tenham recebido o nome de carrus navalis . Talvez tenha sido. O ponto é que a expressão acabaria “ressignificada” na Idade Média, conforme

Lutando contra o tédio: dicas de exploradores polares para sobreviver a meses de isolamento social

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Integrante da Expedição Terra Nova cozinha carne de foca, em foto de 1º de janeiro de 1913: variações culinárias eram uma forma de escapar da rotina dos ambientes confinados. Crédito: R. F. Scott/Wikimedia Música, leituras, culinária e jogos como xadrez estavam entre as estratégias adotadas pelos exploradores polares no início do século passado que podem ser utilizadas em tempos de coronavírus   Devido ao inverno extremo da Antártida, que inclui quatro meses de escuridão total, os exploradores polares enfrentaram intenso confinamento em locais próximos por longos períodos de tempo. O pioneiro americano Richard Byrd explicou: “Pequenas coisas (…) têm o poder de levar até os mais disciplinados (…) à beira da insanidade. Os que sobrevivem com um certo grau de felicidade são aqueles que podem viver profundamente de seus recursos intelectuais, pois os animais em hibernação vivem de sua gordura.” Como os exploradores antárticos do início dos anos 1900 sobreviveram ao tédio muito a

New Age Japonesa: Conheça a origem, a evolução e a influência do movimento esotérico japonês

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Quando pensamos no movimento New Age, a primeira coisa que nos vem à cabeça são as músicas da cantora irlandesa Enya e sua trilha sonora típica das aulas de alongamento e Yoga da academia. Pois é, de fato, a aura mística de suas músicas deve ser o maior expoente de um movimento que tem origem no final dos anos 60 e que é embasado por um cenário hippie em ascensão no qual associava o esoterismo de suas práticas com o clima musical favorável para a meditação e à paz interior. Mas, você sabia que, não só o movimento pode ter expoentes muito mais longíquos do que as planícies nórdicas da Irlanda, como também mantém influências exercendo seu poder até hoje, e muito mais próximos do que parece? Vamos dar uma olhada na origem do movimento New Age japonês, assim como em sua evolução e, enfim, como chega até nós num contexto cultural completamente diferente.   Kitaro   Kitaro talvez seja o artista japonês com maior projeção mundial, figurando entre os maiores nomes do estilo, com

Os 45 anos de “Tudo foi feito pelo sol”, dos Mutantes

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  O ano era 1973. O  rock  progressivo importado da Europa vinha caminhando paulatinamente no Brasil, até que chegou aos Mutantes. Depois de quatro discos do mais puro  rock and roll  e de conflitos internos na banda, Rita Lee a deixou e deu início à sua carreira solo, muito prolífica por sinal; não à toa ela é conhecida como “rainha do  rock “. Pois bem. Era hora de gravar mais um disco, e os Mutantes pegaram pesado; o rebento era  O A e o Z , que, supostamente pelo veto da Polysom, a gravadora do grupo à época, ficou engavetado e só foi em lançado em 1992. Boatos correm de que  O A e o Z  foi gravado em meio a sessões de consumo maciço de ácido lisérgico (o LSD), o que, de certa forma, justificaria a sonoridade progressiva, complexa e atmosférica que marca o disco em sua íntegra. Outros boatos pegaram carona neste primeiro; de acordo com um deles, a Polysom teria vetado o lançamento do álbum justamente por esse contexto ilícito de consumo de drogas, até porque, se lembrar

A genialidade do jazz de Snoopy

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Peanuts não era só uma tirinha foda. Também tinha a série animada que era uma verdadeira obra de arte. E os longas igualmente faziam jus à qualidade poética e filosófica que tanto prezava Charles M. Schulz. Tudo isso fez parte da infância de muita gente. Fez parte da minha. E, se você for uma pessoa de sorte, deve ter feito parte da sua também. E, como não havia detalhe que passasse despercebido pelo primor estético e artístico do autor (e também do cuidado e carinho dispensado pelos produtores), a trilha sonora era igualmente pensada com todo o esmero possível. Diante disso, é irônico e ao mesmo tempo uma grande pena que nós, os autointitulados adultos, muitas vezes enxerguemos obras feitas para crianças como trabalhos de menor importância. E, por isso, pela nossa cegueira arrogante de quem pensa saber de tudo, deixamos passar despercebidos estes detalhes que nos influenciam em camadas bem sutis da nossa própria experiência de vida. No caso dos especiais em

Conheça a ‘matemática da música’ proposta por John Coltrane

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Se você é músico, já deve ter ouvido falar de uma expressão chamada “Círculo Coltrane” , ou “Círculo dos Quintos” . O nome faz referência ao renomado saxofonista americano John Coltrane , um músico genial que conseguiu “desenhar” a matemática da música, revelando a experiência quase transcendente que ele tinha com as partituras. O físico e também saxofonista Stephon Alexander recebeu, em 1967, a “teoria” de Coltrane das mãos do próprio criador e, juntamente com o professor Yusef Lateef , a incluiu em seus repertórios, passando, então, a ver a música de Coltrane como “uma jornada espiritual que abraçou as preocupações de uma rica tradição de música autofisipsíquica”. E Alexander vai além: ele acredita que Coltrane emprega “o mesmo princípio geométrico que motivou a teoria quântica de Einstein” . Acredite se quiser: essas suposições não são nem um pouco absurdas. É sabido que todo músico é, em sua essência mais profunda, um matemático; e os mais genia