Moringa, a árvore mágica que pode acabar com a fome no mundo


Suas folhas verdes contêm mais cálcio que o leite de vaca e mais ferro que o espinafre

Poucos brasileiros ouviram falar de uma planta chamada moringa. Originária da Ásia e da África, a árvore de até 12 metros de altura fornece abundantes galhos carregados de pequenas folhinhas verdes. Considerada como uma panaceia para muitos males – de tratamento da malária a dores de estômago – e um alimento com alto valor nutritivo e com uma excelente composição de proteínas, vitaminas e sais minerais, a moringa é uma daquelas árvore que todos habitantes dos trópicos deveriam ter no quintal de casa.

 

Mulher Karo retira folhas verdes dos talos da moringa para preparar refeição (Foto: © Haroldo Castro/Época)
 

Das 14 espécies identificadas, duas são as mais populares. Nativa das encostas do Himalaia, a Moringa oleifera foi reconhecida pela medicina ayurvédica como uma importante erva medicinal há quatro mil anos. A planta indiana acabou sendo disseminada por todo o mundo e chegou até o Brasil.

Uma espécie próxima é a Moringa stenotepala, nativa do leste da África. Segundo pesquisadores da Universidade de Addis Ababa, da Etiópia, que pesquisam a planta há quase duas décadas, a moringa possui uma elevada capacidade para combater diferentes doenças tropicais, tais como a leishmaniose.

Mas o que assombra os nutricionistas é sua composição como alimento. Pesquisadores concluíram que, comparada grama por grama com outros produtos, a moringa possui sete vezes mais vitamina C que a laranja, quatro vezes mais vitamina A que a cenoura, quatro vezes mais cálcio que o leite de vaca, três vezes mais ferro que o espinafre e três vezes mais potássio que a banana. E mais: a composição de sua proteína mostra um balanço excelente de aminoácidos essenciais (aqueles que precisamos ingerir pois o corpo humano não os produz).

Árvores de moringa no meio de uma plantação de milho perto da Arba Minch, no sul da Etiópia (Foto: © Haroldo Castro/Época)

Em um país lembrado por imagens de subnutrição, observar que a moringa etíope – a espécie Moringa stenotepala – é fartamente plantada na zona tropical do país nos dá um grande entusiasmo. Na estrada que sai de Arba Minch em direção ao sul, a árvore está espalhada em diversos campos de cultivo de milho, assim como ao redor das cabanas de palha dos habitantes da região.

Cerca de 90 km depois, chegamos em Konso, a porta de entrada para o território nativo dos povos do vale do rio Omo. Os vilarejos tradicionais da etnia Konso foram proclamados Patrimônio Mundial pela Unesco em 2011 devido aos terraços criados para a agricultura e às muralhas de pedras que protegem os assentamentos humanos.

Como se não bastasse a engenhosidade dos Konso com seus terraços, possibilitando uma agricultura sustentável nas encostas áridas das montanhas, os líderes da etnia plantam, há muitas gerações, árvores de moringa ao redor de suas casas. Assim, a folhinha verde tão nutritiva não falta a ninguém na comunidade e traz um mínimo de elementos nutritivos a toda a população, principalmente às crianças.

Entre as cabanas dos habitantes Konso, uma constante: as árvores de moringa, cujas folhas fornecem alimento todos os dias do ano (Foto: © Haroldo Castro/Época)

Graças à moringa abundante e aos cereais e as leguminosas plantados nos terraços Konso, o fantasma da subnutrição afasta-se cada vez mais do sul da Etiópia. De fato, em todos os mercados semanais da região, sempre encontramos pencas e pencas de moringa fresca sendo vendidas para aqueles que não possuem uma árvore em seu quintal.

Thamyres Matarozzi, uma fotógrafa paulistana que viaja com nosso pequeno grupo de brasileiros, já conhecia a fama da moringa desde 2011 quando vivia em Londres. Por ser vegana e buscar uma alimentação consciente, Thamyres comprara na Europa dezenas de saquinhos de pó de moringa para complementar uma possível falta de proteínas ou vitaminas durante sua viagem à Etiópia. Qual não foi sua surpresa ao ver que quase todos os restaurantes onde comemos ofereciam moringa – ou, no idioma local, aleko – nas mais variadas formas, de sopa a refogado!

Thamyres compra um quilo de moringa fresca por R$ 0,30 no mercado de sábado de Weyto (Foto: © Haroldo Castro/Época)

Mulher da etnia Banna, com uma cabaça sobre seu penteado tradicional, oferece moringa (e ovos de galinha) no mercado de quinta-feira de Key Afar (Foto: © Giselle Paulino )

Em Jinka, uma jovem da etnia Ari chega de um campo de cultivo com um carregamento de folhas de moringa nas costas para que o alimento seja preparado em sua casa (Foto: © Haroldo Castro/Época)

A moringa oferece ainda mais um presente às comunidades rurais. Devido a uma composição particular dos óleos e das proteínas contidas nas sementes, quando trituradas e misturadas a uma água turva e não potável, uma reação extraordinária é produzida: a água fica limpa. Como isso acontece? O pó das sementes de moringa possui a propriedade de atrair argila, sedimentos e bactérias, os quais acabam indo para o fundo do recipiente e deixando a água clara e potável.

Tanto as sementes da espécie etíope (Moringa stenopatala) como da asiática (Moringa oleífera) possuem as mesmas características de decantar a água. Pesquisadores do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais comprovaram, em testes de laboratório, que as sementes da moringa asiática conseguem remover 99% da turbidez da água.

Com todos esses atributos, não é difícil considerar a moringa como uma das plantas mais generosas do planeta. Por isso, várias ONGs de desenvolvimento humano que combatem a pobreza e a fome a chamam de “super planta”, “árvore milagrosa” ou “folha que salva vidas”. 

Depois de saber tudo isso, nosso próximo passo será comprar sementes e plantar moringa em casa!

 

Obs: Pensando pra Frente disponibiliza aqui uma circular técnica da EMBRAPA sobre a Moringa Oleífera. (Clique aqui para o download)

 

Por HAROLDO CASTRO & GISELLE PAULINO (TEXTO E FOTOS)| DO VALE DO RIO OMO, ETIÓPIA

 Fonte: https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/viajologia/noticia/2015/06/moringa-arvore-magica-que-pode-acabar-com-fome-no-mundo.html

Comentários

  1. Respostas
    1. Pode retirar gratuitamente em São Paulo, próximo ao metrô Faria Lima, ou encomendar para receber pelo Correio:
      fernando@vectorequilibrium.com

      Excluir
  2. Li uma matéria a respeito dessa árvore e, a informação de que a mesma pode curar pessoas do diabetes.

    ResponderExcluir
  3. Pode retirar gratuitamente em São Paulo, próximo ao metrô Faria Lima, ou encomendar para receber pelo Correio:
    fernando@vectorequilibrium.com

    ResponderExcluir
  4. Ouvi dizer estar proibido seu plantio no Brasil. Procede?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A anvisa proibiu a comercialização. Nao querem que deixamos de comprar remedios.

      Excluir
  5. Onde encontrar essa árvore chamada moringa.

    ResponderExcluir
  6. Onde comprar a arvore moringa e como planta-la?

    ResponderExcluir
  7. No Brasil quais os tipos que temos de moringa, e no Nordeste?

    ResponderExcluir
  8. Tenho sementes envio todo Brasil 22999339433

    ResponderExcluir
  9. Tenho sementes envio todo Brasil 22999339433

    ResponderExcluir
  10. Olá, que tipo de solo, água e que frio suporta?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

ISA lança manual sobre plantas indígenas com download gratuito

A força do jazz na trilha dos desenhos antigos

Taiobas, a confusão: Guia Definitivo de Identificação

7 técnicas de bioconstrução para fazer uma casa ecológica

Casas subterrâneas dos Kaingang – Povos da Tradição Taquara