Do coco se aproveita tudo – e de todas as formas!Do coco se aproveita tudo – e de todas as formas!
Na indústria, no supermercado, nas lojas de artigos naturais e nos restaurantes, brasileiros estão (re)descobrindo o coco. Que bom! Confira abaixo os derivados dessa fruta multiuso:
Mais que hidratar, o líquido repõe eletrólitos cruciais ao equilíbrio do organismo – tanto é que há quem o compare a bebidas próprias para esportistas. Mas, se você não é atleta profissional, melhor ficar com a água de coco mesmo.
É o que argumenta a nutricionista Luciana Rossi, do Centro Universitário São Camilo, na capital paulista, e autora de uma pesquisa que avaliou o uso entre praticantes de spinning. “Bebidas esportivas têm muito sódio, porque os atletas precisam dele”, explica.
Sódio demais, você sabe, pode elevar a pressão. Aliás, o mineral também aparece na água de coco (mesmo na natural), mas em quantidades ínfimas. Ocorre que algumas marcas adicionam um conservante à base de sódio – por isso existem discrepâncias entre as caixinhas. Pra escapar disso, nada como comparar os rótulos. Aliás, de olho na embalagem, você pode topar com o termo “água reconstituída”.
Ele se refere a um concentrado que muitas empresas usam para padronizar o sabor ao longo do ano, uma vez que os frutos podem sofrer variações. Buscando fornecer um conteúdo mais próximo do original e livre de adoçantes e conservantes, têm surgido marcas com inovações como o uso de tecnologias que permitem o envase direto do coco – isso impede o contato do líquido com luz, oxigênio e casca, fatores que afetam a qualidade.
Elas até avisam que podem existir pequenas alterações de sabor de uma embalagem pra outra, já que assim é a natureza. Ah, apesar de tantos predicados, não vá trocar água mineral pela de coco como base da hidratação, né? Ela tem sua dose de carboidratos.
A água é extraída do coco verde, quando ele atinge sete meses de maturação. O coco seco até possui o líquido, mas ele já é mais gorduroso.
Eis um sucesso de vendas que é também o produto mais controverso do coco. Tudo começou quando ele foi alardeado como solução para a perda de peso. A alegação era de que, apesar de ser rico em gordura saturada, o óleo extravirgem concentrava uma versão especial do composto, o ácido graxo de cadeia média.
Um dos seus atributos seria ter absorção rápida, o que turbinaria o gasto calórico. “Mas, com base na literatura científica até o momento, podemos afirmar que o óleo de coco não tem papel no emagrecimento”, diz a endocrinologista Cíntia Cercato, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), que publicou um documento a respeito.
No último Congresso Paulista de Nutrição, Isabela Mota, da Socesp, destacou que a maior parte da gordura do coco é formada por ácido láurico. “E entre 70 e 75% do total desse composto não se comporta como ácido graxo de cadeia média, apesar de receber a definição”, esclareceu. Portanto, a teoria da absorção rápida seria só… teoria.
A verdade é que ainda não há um julgamento final. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o grupo da nutricionista Glorimar Rosa incluiu 13 mililitros de óleo no dia a dia de voluntárias e notou uma redução na medida da cintura. “Mas todas adotaram também uma dieta pouco calórica. Só com o óleo o indivíduo não emagrece”, pondera.
Tudo isso reforça o pedido dos experts de evitar transformar o produto no rei da cozinha. E tem até um motivo mais forte: Rachel Brown, professora da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, concluiu em nova revisão que o uso frequente eleva o colesterol ruim. Enfim, colheradas e cápsulas estão contraindicadas. Mas, se curtir o sabor, dá pra incluí-lo (com bom senso, claro) em receitas doces e salgadas.
Ele é obtido das flores da palma do coco e, apesar de não ter a popularidade do óleo, também entrou na moda. Ao comparar o primeiro semestre de 2015 com o deste ano, a loja online Natue notou que a busca cresceu 25%. O motivo? Ele seria mais natural e saudável que o açúcar branco, que vem da cana.
“A transformação da seiva da flor em açúcar é um processo manual, que não envolve aditivos químicos”, explica Catharina Paiva, nutricionista do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. Além disso, o ingrediente reúne mais vitaminas e minerais.
“Porém, seria preciso ingerir uma quantidade muito grande para tirar proveito disso”, afirma a médica Vivian Ellinger, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia/Rio de Janeiro. A nutricionista Mônica Beyruti, da Abeso, concorda: “Em uma dieta equilibrada, esses nutrientes do açúcar de coco não fariam diferença”.
Também se divulga bastante a história de ele ter baixo índice glicêmico (IG), ou seja, não levar a picos de glicose no sangue e minimizar ataques de gula mais tarde. Mas essa propriedade é polêmica. “É que o baixo IG foi encontrado em um estudo pequeno, com o açúcar produzido nas Filipinas.
E a classificação foi extrapolada”, conta Catharina. Ora, solos diferentes rendem composições nutricionais diferentes. Ainda que o IG seja menor, a nutricionista informa que não dá pra ter certeza de que o impacto será o mesmo dentro das receitas. “Assim como o açúcar branco, o de coco deve ser consumido sem excessos”, orienta Thais Souza, nutricionista da rede Mundo Verde.
Agora, o que pesa mesmo contra o produto do coqueiro é o preço. Por ter uma fabricação limitada, chega a ser bem mais caro – 1 quilo custa entre 70 e 100 reais. “O açúcar mascavo é saudável e mais em conta”, compara Catharina.
Não estamos falando de leite de coco para uso culinário, não. A novidade aqui é uma bebida pronta para consumo. Ela entra no mercado para brigar com outros extratos vegetais (de soja, amêndoa, arroz…) e ganhar lugar à mesa de quem tem intolerância à lactose, alergia ao leite de vaca ou optou por tirar esse produto da dieta.
Além do sabor original, algumas marcas oferecem o produto na versão achocolatada. O enriquecimento com cálcio e vitaminas é um plus. Para Olga Amancio, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, produtos do tipo são bem-vindos desde que as pessoas em geral não os encarem como substitutos plenos do leite de vaca – o cálcio de origem animal é mais bem aproveitado pelo corpo.
Ainda não tão pop, seu grande atrativo é ser fonte de fibras. Por essa razão, a equipe da nutricionista Glorimar Rosa da UFRJ ofereceu 26 gramas da farinha extraída da polpa do coco a mulheres por três meses. “A adição a uma dieta de baixas calorias promoveu redução nas concentrações de glicose no sangue, o que seria desejável principalmente para diabéticos”, relata.
Apesar de a pesquisadora não ter notado vantagem em termos de peso, esse já é um benefício associado ao produto. “Por causa das fibras, a farinha dá saciedade”, diz Carolina Arbache, da Natue. Aliás, a médica Vivian Ellinger lembra que a alimentação do brasileiro anda pobre em fibras.
E, além de obesidade e diabete, essa carência predisporia até a um maior risco de alguns tipos de câncer. Glorimar conta que a farinha de coco pode ser usada em bolos, pães e biscoitos, substituindo a versão de trigo. Ela também combina com frutas, iogurtes e vitaminas.
O coco em outras indústrias
Como outras áreas aproveitam os frutos do coqueiro
Para vestir
As fibras do coco são usadas na confecção de roupas, chapéus e toalhas de mesa. Ainda são bastante exploradas no artesanato.
Para plantar
A casca vira um excelente adubo natural. E suas fibras servem de base a biomantas, que ajudam a evitar a erosão do solo e a recompor a vegetação.
Para viajar
O recheio dos bancos de automóveis pode ser feito de fibras de coco, o que confere conforto e menor quentura nos passeios por aí.
Para embelezar
O óleo de coco é amplamente empregado pela indústria cosmética na elaboração de loções para a pele e itens para o cabelo.
Para dar energia
Resíduos como a casca podem gerar combustíveis do tipo carvão vegetal e até bioetanol, o que ajudaria a sustentar a cadeia produtiva.
Para manter o lar
As fibras do coco são desfiadas para fazer pincéis, vassouras e tapetes. O fruto ainda oferece material para formular aquele tradicional sabão.
Por
Fonte: https://saude.abril.com.br/alimentacao/do-coco-se-aproveita-tudo/
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